terça-feira, 26 de junho de 2012

'Me arrependo, mas não choro', diz Otávio Mesquita sobre ida pra Globo


Apresentador falou sobre seus 25 anos de carreira e fez várias revelações.

Felipe AbílioDo EGO
Otávio Mesquita (Foto: Felipe Abílio / EGO)


Otávio Mesquita comemorou 25 anos de carreira na televisão com o que para ele é um grande trunfo: ser um dos poucos apresentadores que está no ar há mais de 10 anos com o mesmo programa e no mesmo horário. Antes conhecido como o apresentador "pentelho", hoje ele comemora o carinho que recebe dos artistas e o prestígio que seu nome tem no show business. Em uma conversa reveladora com o EGO, o apresentador contou que, às vezes, se arrepende de não ter aceitado o convite para trabalhar na Globo, em 1998, e ainda falou sobre ter sido  apontado como homossexual durante muito tempo. Veja o bate-papo na íntegra.

EGO: Como decidiu que iria virar um apresentador de TV?
Otávio Mesquita: Quando eu era criança queria ser piloto de Fórmula 1, mas eu tinha que trabalhar. Comecei a trabalhar com 12 anos, mas o plano B era ser famosinho. Uma vez estava saindo da escola, tinha uma loja de departamentos e estava começando a transmissão ao vivo a cores pela primeira vez. Todos os meus amiguinhos estavam muito empolgados, me entusiasmei também e falei: 'Legal não é ver, legal é estar lá dentro'. E então fui atrás disso.
Como foi sua estreia na TV?
Otávio: Eu sempre fui contato comercial, vendia os anúncios. Aos 23 anos, numa cobertura de carnaval da Band em 1984, faltou um repórter e me colocaram para cobrir ele no ar. Fiz tudo errado, mas para aquela festa foi certo o que eu fiz. A partir daí tudo aconteceu, estreei meu primeiro programa, ‘Perfil’, em 1987.


Por que conquistou a fama de ‘repórter mala’?
Otávio: No comecinho eu era o Rafinha Bastos da época, achava que podia tudo, mas tomei muito na cabeça e abaixei o facho. Eu era o mala, o chato, mas isso ficou só nos primeiros 10 anos, hoje está menor. Eu peço 5 minutos para mostrar que eu não sou aquele Otávio ‘mala’ para as pessoas que não me conhecem.
 
Otávio Mesquita (Foto: Felipe Abílio / EGO)Otávio Mesquita (Foto: Felipe Abílio / EGO)
Qual foi a melhor fase de sua carreira?
Otávio: A fase no SBT foi muito boa porque fazia auditório, que eu gosto também. Foi uma fase glamourosa, além de ter sido o melhor momento financeiro na minha carreira. Hoje vivo um outro momento bacana, tenho um programa diário em uma emissora em ascensão, não tenho problema com ninguém...”
 
Um grande arrependimento?
Otávio:Ter declinado o convite para ir para a Globo em 1998. Às vezes eu penso que deveria ter ido, às vezes penso que não. Pensei muito pelo comercial, porque eu estava no SBT e ganhava muito bem lá. Tinha o meu programa e o meu quadro ‘Bom Dia Legal’, dentro do ‘Domingo Legal’ em que eu acordava as pessoas. Meu quadro dava 25, 27 pontos no ibope, eu ficava meia hora no ar. Eu fiquei com medo de aceitar o convite porque achei que, de certa forma, era para me tirar do Gugu e não houve um acordo financeiro. Às vezes me arrependo, talvez pudesse estar em outra situação, me arrependo, mas não choro por isso.
Por que acha que seu programa está a tanto tempo no ar?
Otávio: Eu sempre fui publicitário e sempre trabalhei esse lado comercial. Minha renda hoje é 50% da televisão, 25% do automobilismo e 25% mídia em geral da minha produtora, já até criei enredo de escola de samba corporativo. Meu programa fatura bem e tem um custo baixo, por isso estou no ar faz tempo. Tenho uma macrovisão do meu programa, não sou artista, estou artista. Estou criando quadro comerciais para o faturamento. Em todas as emissoras nunca dei prejuízo. Eu entro no ar em busca de qualificação e não de audiência. Hoje, 70% do meu público é da classe A B e 30% Classe C, mas eu tenho essa linguagem de circular por todas as classes.

Nos anos 90, muitas pessoas questionavam a sua orientação sexual. Imagina o por quê?
Otávio: Já falaram que eu era ligado em tráfico, drogas. Eu sou uma pessoa extremamente aberta, comecei a minha carreira fazendo o ‘Gala Gay’, porque nenhum repórter naquela época queria ter sua imagem ligada a homossexuais e eu não tinha compromisso porque nunca quis fazer um jornalismo sério. Uma vez, um repórter achando que eu era gay, perguntou o que faria se tivesse um filho gay, e eu falei que queria que fosse feliz.
 
Otávio Mesquita (Foto: Felipe Abílio / EGO)Apaixonado por automobilismo, o apresentador
pendurou um carro de verdade em sua parede
(Foto: Felipe Abílio / EGO)
Outra vez estava em Nova York, entrei em uma banca e comecei a olhar os títulos de revistas sensuais, na época eu era editor da ‘Sexy’. Olhei para cima e vi 12 títulos de revistas gay, abri algumas e vi muito anúncio, já que é um público que consome mesmo. Comprei os 12 títulos e quando fui passar no caixa, tinha um monte de brasileiros atrás de mim, começaram a me chamar de bichona e eu até brinquei. Na verdade, eu estava trazendo a ideia para o Brasil, foi quando eu e outro sócio lançamos a ‘G Magazine’. Já fui cantado por gays e dou até risada. Eu respeito muito.
 
Você é amigo de muitos famosos e sabe de muitas coisas... Já pensou em entregar algum famoso, fazer um quadro desse tipo no seu programa?
Otávio: Eu fiz um pacto comigo mesmo, meu programa não é um programa de fofoca e dar furo de reportagem, porque o dia que eu pensar isso estou ferrado. Já vi tanta coisa, participei de muita coisa, já assumi situações para livrar amigos meus, de fingir que estava com uma mulher, que na verdade estava com um amigo...


Como é a sua verdadeira relação com o Amaury Jr.? Existe mesmo uma briga?
Otávio: Nunca existiu, eu criei para brincar. Ele fica puto com as minhas brincadeiras, mas eu sacaneio ele com carinho. Adoraria que o meu programa fosse tão comercial quanto o dele (risos).
É verdade que você considera o Roberto Justus um irmão?
Otávio: O Roberto é um dos meus melhores amigos. Amigos verdadeiros mesmo eu não encho uma mão, mas ele conhece toda a minha trajetória. Somos amigos há 30 anos, tenho admiração por ele, digo que ele é o ponto de referência de sucesso. Já segurei algumas barras dele, eles a minha, é um irmão que não é de sangue, mas que considero irmão. Convivo mais com ele do que com algumas pessoas da minha família. Ele me critica quando tem que criticar, aponta o dedo, e eu faço isso também...Claro, ele fala mais e eu faço mais merda do que ele.
Ele tem quatro casamentos e eu também, até isso temos em comum. Eu que apresentei a Ticiane para ele, eles casaram, e a Tici apresentou a Melissa para mim. Elas são melhores amigas de infância, assim como eu e o Roberto.
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Já acendi uma vela para que eles se casem para poder dividir o dinheiro do Roberto", revelou.
E a amizade entre a Rafaela (Justus) com Pietro...?
Otávio: Eles nasceram com quatro dias de diferença, então é bacana, porque eles são os melhores amiguinhos, estão crescendo juntos e eu até já acendi uma vela para que eles se casem para poder dividir o dinheiro do Roberto.

Com a carreira consolidada, como você se vê no futuro?
Otávio: Estou com 53 anos e todo ano penso em desistir, quero parar. Vejo o Silvo Santos com 82 anos e com esse fogo que ele está e penso: ‘será que vou conseguir parar?’. E não é para aparecer, porque eu não preciso provar nada pra ninguém. Quantos apresentadores estão no ar com o mesmo programa, no mesmo horário há 20 anos? São poucos, eu já faço parte da televisão brasileira querendo ou não. Queria parar no ano que vem, mas não vou conseguir, tem Copa do Mundo para acontecer, um monte de coisas ainda...


Otávio Mesquita (Foto: Felipe Abílio / EGO)

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